terça-feira, 27 de dezembro de 2011
O CREPÚSCULO DA RAPOSA:
O ex-presidente da República do Abacades, Omero Araya y Piau, do seu apartamento de cobertura contempla o horizonte. É madrugada, os movimentos de pessoas e carros são esparsos, os letreiros das fábricas ao longe o fascina e o reconforta. Lá mourejam, nos chãos das fábricas, os figurantes da comédia farcesca que culminou com sua eleição para a presidência. Oito anos inebriantes de poder: jantares faustosos regados a vinho romanée - Conti , viagens internacionais... Ele um peão fora capaz de romper as trincheiras do poder e conquistar à mão armada de votos, golpes abaixo da linha da cintura, insídias e conchavos o cargo mais importante da república. Mas uma coisa que não confessa a ninguém o incomoda: Aquela manada - sim era assim que sempre vira a classe trabalhadora - informe, triste, depauperada e endividada que durante seu mandado não fizera nada para minorar suas agruras, que ele traíra, ainda o amava e o aclamava. A vida o preparara para suportar o ódio, não o amor. Então deu uma bebericada em seu uísque e murmurou baixinho: Merda, traição rende altos dividendos, mas traz consigo vazios infinitos....
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