segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Página Policial

Na 509ª DP,  Dagoberto hingino Millier alegou não saber o motivo pela qual trucidou uma mulher e seu bebê. Que nãos os conheciam, não teve o motivo de roubar e que não estava bêbado ou drogado. Que sempre fora pacato e cumpridor de suas obrigações e, invarialvemente, ia do serviço para casa e não mais saía - informações que, anteriormente, já haviam sido confirmadas - Que a única coisa diferente que havia feito, mas que não via motivo para mencionar, foram umas tatuagens nas costas e nos antebraços do terrível guerrilheiro Che Guevara. Que daí, por motivo por ele ignorado, passou a ter impulsos assassinos. Que a vontade de matar era irresistível como a vontade de fumar. Que ele resistira,  mas que naquele fatídico 1° de janeiro o impulso assassino o venceu e ele consumou o ato.
Então, o meritíssimo Dr°. Delegado não teve mais dúvidas e exclamou: O meliante é inocente, prendam as tatuagens!  

sábado, 26 de novembro de 2011

SOBRE SEGURANÇA:

"Deus me livre! Mas quando certas autoridades brasileiras falam em combate à criminalidade eu já não acredito e acho que o objetivo não é a segurança do cidadão, mas a eliminação da concorrência!"

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

CORAÇÃO EM RUÍNAS:


Noite dessas, acossado por uma insônia atroz, contei todos os carneiros de um rebanho imaginário, conquistei todas as mulheres que, de tão belas e inacessíveis, jamais, sequer, dirigi o olhar.
Estava neste rolar angustiante, quando escutei uma batida estranha. Prestando atenção conclui que se tratava do meu coração.  Batida estranha por não se tratar de um bombear ininterrupto do sangue para as artérias, valva, válvulas e vasos. Também não era uma batida pedindo para ele (meu coração) entrar na minha insônia. Era uma batida, conclui, convidando-me a uma visita às ruínas de meu coração destroçado.
Não me fiz de rogado, entre uma insônia sufocante e uma excursão às piramidais ruínas do meu coração, optei pelo passeio ao meu coração decrépito (só mais tarde dei por mim e vi que não era turismo ver meus próprios escombros, inda mais do coração).
Ao abrir a porta do meu coração, um susto, um cacho de picumã das injustiças sofridas caiu ao chão levantando uma nuvem de poeiras de lágrimas. A porta estava cambeta, com duas das três dobradiças soltas, pois os parafusos não conseguiam mais se prender nos tecidos do meu coração carcomido pelos cupins cegos de ódios, pelos carunchos famintos do desamor. Um pedaço sobrevivente de ternura desprendeu-se do teto e se espatifou, ruidosamente, no piso calejado do meu coração e, ficou ali inerte a potencializar os escombros
Apesar das ruínas, orgulhei-me de meu coração. Era valoroso. Mesmo com tantos escombros batia incessante, firme, ritmadamente... Ao atravessar aquela porta decrépita, dei-me com uma ampla avenida. Na sua placa indicativa lia-se “Avenida das Dores” e era calçada com os blocos gélidos da indiferença e o concreto corrosivo das palavras ríspidas. Comecei a caminhar por ela lentamente, mas ao contrário do gelo comum que gela a parte em que se está em contato, o gelo da indiferença gelava todo o corpo e sobremaneira a alma. Trôpego insisti em prosseguir por aquela avenida glacial.  Mais à frente, erigido no meio da ampla avenida, havia um memorial à ingratidão. Onde um orador inflamado e invisível conclamava a todos (apesar da avenida deserta) a se precaverem contra a ingratidão não às infligidas a si, mas, sobretudo à praticada aos outros, por ser ela insidiosa e induzir aos corações incautos a racionalizarem e não reconhecer em si as ingratidões feitas a outros corações.
Havia, também, várias ruas transversais, alamedas, becos e vielas. Na alameda dos infortúnios as paredes semidesabadas das ruínas tinham as cores desbotadas das decepções e os paralepípedos que a calçavam eram feitos de fel solidificado. Na entrada da viela do Amor era tudo florido e belo e a felicidade harmonizava dois bens antagônicos: “o amor e a eternidade”. E sobre a placa que a indicava, como a desdizer o que se via, um papagaio invisível repetia, incessante: “o amor é efêmero!”. Um pouco além, dei-me com o beco das amarguras. Nele, tudo era cinza e por uma canaleta, a céu aberto, escorria uma enxurrada de lágrimas e flutuando sobre a enxurrada folhas amarelas, que depois de melhor exame, vi que não eram folhas e sim sorrisos amarelos.
No outro lado da avenida, não sei se iniciava ou terminava, a rua da traição. Nela habitava os genocidas, os envenenadores, os corruptos e demagogos e num castelo lúgubre desta rua habitavam os assassinos dos amores e dos sonhos e até a sua placa indicativa era escrita de trás para frente “oãciart”. Em sua entrada um baú repleto de moedas de ouro se oferecia a quem se propusesse a trair, enquanto uma voz persuasiva e sensual incitava os não transeuntes à traição. Mais adiante, na Avenida das Dores, sobre uma ponte feita com destroços de sonhos, olhei o rio DECEPÇÃO, fundo e caudaloso, cujas corredeiras grugrulejavam, enquanto corriam: Na vida somos tantas que formamos, em um só coração, um rio; mas todos os rios DECEPÇÕES de todos os corações correm para um mesmo destino e formam o MAR DAS DECEPÇÕES! E em todo este percurso percorrido, vi sempre um tênue fio, que julguei ser um condutor elétrico, uma gambiarra, mas não; era o tênue fio da solidariedade que mantinha unidos os destroços do meu coração. Voltando a caminhar deparei com uma luz intensa e bela, que quanto mais eu caminhava em sua direção mais ela se afastava. Oh, esperança porque tão fugidia?!
No final da Avenida das Dores, não sei bem se era o final, um muro imenso a interditava a partir daquele ponto. O muro era como um imenso outdoor e estava repleto de pichações, todas sem pontos, sem vírgulas, sem reticências... E, após acordar, lembrei-me de uma que agora, tentando pontuá-la, transcrevo aqui: “A vida, numa analogia, é como uma luta de boxe há que ser forte, ter punhos de aço e, sobretudo, não ter queixo de vidro que o derrubará ao primeiro golpe, mas queixo de pedra que o manterá de pé apesar dos duros golpes que a vida, inevitávelmente, desferirá!”   


Piraí, 12 de março de 2009.  

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

DEMOCRACIA VESGA

Vejam só! A CUT, a Central Chapa- Branca, - em vez de cuidar dos interesses da peãozada que está correndo risco de ver sua aposentadoria ir para o espaço com um anteprojeto que circula lá pelo congresso elevando o tempo de contribuição para aposentadoria de trinta e cinco para quarenta de dois anos. - criou o “Prêmio CUT-Democracia e Liberdade”. E entre outros indicados para concorrer ao prêmio está o grande democrata, o filósofo, o mais pio defensor da democracia cubana, Frei Betto!  Ele sonha em implantar no Brasil uma democracia estilo cubano que dá numerosos direitos e privilégios: direito a ser preso por livre-pensar, privilégio de ganhar um salário-mínimo de trinta e cinco dólares mensais, direito a ser proibido de ausentar-se do país sem autorização prévia dos ditadores eleitos democraticamente pelo partido único e, sintetizando, direito ao “paredon”.
 Frei Betto é um deficiente visual, sofre de miopia e vista cansada e quando olha para Cuba tira os óculos e vê tudo multicolorido. Olha as prisões abarrotadas de presos políticos e vê nisso sinal de saúde democrática. Vê uma multidão de desesperados lançarem-se ao mar alto, em fuga, é pensa que é prática de natação. Vê o sangue dos executados ao paredon ser bebido pela areia ardente e murmura: este sangue infiel purificará nossa democracia, que seja feita a vontade de deus (em minúscula por ser um deus só dele). Mas ao olhar para o Brasil, coloca os óculos e mais uma lupa e julga o capitalismo tupiniquim com uma severidade cavalar, no que faz muito bem. E deve murmurar entre dentes: quando a democracia cubana chegará aqui...
Mas fico pensando, se o deus de Frei Betto for o mesmo Deus misericordioso e justíssimo criador dos céus e da terra como Frei Betto conciliará, em suas orações, atitudes tão antagônicas. Como poderá Deus, a pedido dele, punir os justos e desesperados opositores do regime cubano e proteger seus opressores... 

terça-feira, 1 de novembro de 2011

DA LUCIDEZ DOS BÊBADOS:





“As boas intenções têm sido a ruína do mundo. As únicas pessoas que realizaram qualquer coisa foram as que não tiveram intenção alguma.”
Oscar Wilde.


Estava tomando cerveja num pé-sujo aqui no meu bairro e, numa mesa ao lado, um grupo já meio grogue discutia política. Pra ser sincero nem sei se política, vá lá que seja política... Metiam o bambu nos políticos, que para eles, eram todos desonestos e corruptos, nessa nossa pseudodemocracia onde o voto era obrigatório, na justiça que, aqui, tarda e falha. Eu, avesso ao radicalismo, já estava ficando chateado quando uma voz arrastada, mas clarividente e diáfana pediu a palavra e, num discurso bêbedo, não de álcool, mas de lucidez, disse: Que toda essa corrupção, que todo esse descaso com o povo, que todo esse roubo dos direitos trabalhista, apesar de tudo, ainda era uma sorte. Que toda essa cupidez, que todo esse descaso com a Nação, ainda era uma sorte. Não uma sorte plena, mas uma sorte menor. Numa analogia: não o prêmio principal, mas o terno da megasena.  Pois se os mandatários da República não estivessem ocupados demais em suas pequenezes fariam mais mal ainda ao povo votando leis iníquas, cerceando as liberdades e promovendo o genocídio das esperanças e dos direitos humanos, Se duvidam, olhem os países onde seus governantes julgam-se deuses: Olhem para Cuba com suas misérias, com suas prisões abarrotadas de presos políticos. Olhem para a Venezuela onde um caudilho usou as regras democráticas para destruir a democracia. Olhem para os países do oriente médio onde impera o fanatismo, mulheres são tratadas como seres de terceira classe que podem ser mortas por apedrejamento, ter parte do corpo amputada e condenadas a uma vida servil e, homossexuais são caçados e assassinados.