Dez de março de 2015, a democracia brasileira plenamente consolidada joga sua cartada final: a retirada do último direito do trabalhador brasileiro. Os presidentes das duas casas, câmara e congresso, discursaram enfatizando o momento histórico em que todas as amarras que engessavam a economia foram, finalmente, erradicadas.
O congresso e a câmara em sessão conjunta, como a presença do Exc.° Sr presidente da República votaram o fim da CLT, a volta da prisão por dívida, a volta do direito do patrão manter o empregado prisioneiro até a quitação de suas dívidas para com a empresa e a volta das chibatadas por falta grave no trabalho.
Em seu discurso o líder do DEM, requereu para o partido os maiores louros, pois para não perder a luta e chegar à vitória final o partido havia, para lubridiar o povo, mudado de nome três vezes: ARENA, PFL e agora DEM. O líder do PSDB, parodiando um historiador americano, enfatizou que aquele momento era o fim da história. Que a luta tão arduamente travada diuturnamente, contra as forças comunistas e retrógradas, fora finalmente vencida. Que o neoliberalismo triunfará e que no horizonte descortinava mil anos de prosperidade e máquinas produzindo a todo vapor. O PTB que votou pelo fim dos direitos dos trabalhadores, vangloriou-se da emenda cota-sal criada pelo partido para o trabalhador passar no corpo após as chibatadas. O líder do PMDB discursou rebatendo um panfleto subversivo e apócrifo que havia circulado antes da votação que na essência dizia que a escravidão voltara e que a democracia era a corrente que cerceara a liberdade de um povo. Disse o líder: Como podem afirmar que o povo perdeu, se a perda dos direitos trabalhistas vai permitir o progresso e a acumulação do capital no País. Qual patriota não estaria orgulhoso em renunciar aos seus direitos para proporcionar ao País o grande salto para o futuro... O líder do PT discursou rebatendo a todos, que aquele grande feito era obra de seu partido que lutará incansavelmente para conseguir a grande vitória final, que alguns subversivos diziam ser perda de direito, mas que na verdade era a vitória final da classe trabalhadora, afinal não importava que o pleno emprego fosse trabalho escravo. Neste momento, finalizou seu discurso, dizendo: acabou o desemprego, todos trabalharão até morrer!
No final da sessão os presidentes das duas casas solicitaram que todos assinassem embaixo da cópia fiel da lei para a enviar à biblioteca do congresso e ficar para a história. Severino Silva, contínuo no congresso, foi o encarregado de colher as assinaturas. No final quando foi olhar para ver se não estava faltando nenhuma assinatura dos facínoras, ficou pasmo. Todos os nomes de todos os deputados e senadores eram iguais: LUCIUS ANTONIUS RUFUS APPIUS e todas as assinaturas idem: L.A.R.APIUS.
Nota: Lucius Antonius Rufus Appius foi um corrupto coletor de impostos romano, cuja assinatura originou palavra larápio (L.A.R.APIOS)
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