João da Silva Brasil pegou a capa, no Brasil redemocratizado chove todos os dias, a bem dizer não era chuva, eram lágrimas de um povo depenado pela carga excessiva de impostos. Quando pegou a bolsa sobre o sofá, uma dor aguda e intensa percorreu sua coluna dorsal tal era o peso dela. Irritado, João da Silva murmurou: parece chumbo, qualquer dia esta bolsa de impostos vai me matar.
Maria Ermeciana cozinhava um punhado de feijão e um bocado de arroz em um fumascento fogão à lenha, nunca sobrava dinheiro para o gás, quanto irritada falou consigo: Como se necessitasse de fumaça para me fazer chorar, basta-me este bocado de arroz e feijão amargo de tantos impostos...
João da Silva percorreu várias repartições e bancos pagando montanhas de impostos e no final, feliz, viu que havia sobrado algumas pratinhas, suficiente para tomar uma cerveja. Entrou num pé-sujo e pediu: solta uma céu –de- foca, estupidamente! Quando apareceu um senhor elegantemente vestido, óculos escuros, bigode à Rodolfo Valentino e um sorriso procaz , e sobremaneira grosso, e o interpelou: Como ousa tomar bebida alcoólica com o seu imposto de renda devido?! E célere, tirou a garrafa e o copo das mãos de João da Silva, e sôfrego bebeu com gosta aquela cerveja céu-de-foca. João, apopléctico, teve um troço e foi rebocado até ao hospital.
Maria Ermeciana, quando ia devorar, juntamente com seus cinco filhos, aquele bocado de arroz com feijão amargo de impostos, batem à porta. O filho maiorzinho foi ver e lá da porta mesmo gritou: Mãe, é o moço do IPTU atrasado! Tá dizendo que se não pagar hoje vai levar as panelas como sinal de pagamento.
Maria deu um troço, arroxeou e estatelou ao chão!
João e Maria, ironicamente, foram para o mesmo hospital, não sei se por coincidência ou por havê-los tão pouco.
O médico que os atenderam, falou irritado: Hoje já é o vigésimo caso. E gritou: enfermeira, traga dois frascos de isenção-fiscal. E virando-se para o estagiário ao seu lado, disse-lhe: É overdose de impostos!
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